A volta do 'já dizia minha avó'
Se você chegou a este meu texto, n?o foi por meio de um algoritmo. Talvez ele até tenha facilitado essa conex?o, mas certamente teve o olhar prévio de alguém. Afinal, por trás de uma IA, sempre haverá um grande olhar humano que viveu antes.
Aí você me pergunta: mas a inteligência artificial n?o é o nosso futuro? Claro que é. E é nosso presente também. Em meio a uma enxurrada de dados, os algoritmos preveem nossos desejos antes mesmo de sabermos que os temos, e a inteligência artificial se tornou uma presen?a t?o cotidiana quanto o cafezinho na reuni?o de equipe.
Se a tecnologia virou commodity no nosso mercado, ent?o o diferencial real volta a ser a criatividade. E isso nos leva de volta para a sala de aula, a escola da vida. Estamos reaprendendo a colaborar, misturar, testar. A nos re-relacionar. Afinal, celulares e computadores nos conectam a tudo, menos às pessoas que est?o à nossa volta.
Um time criativo hoje precisa de diversidade, e n?o estamos falando apenas de origens e vivências distintas, mas também da mistura entre inteligências: humana e artificial. A IA acelera. Ela ajuda a escalar, a fazer mais com menos, a personalizar. Mas sem a pitada humana, sem o "e se?" que vem acompanhado do friozinho na barriga, as marcas podem cair na mesma comunica??o comoditizada: previsível, automatizada, esquecível.
Quando falamos de criatividade, a diferen?a entre adapta??o e inven??o é clara. A IA adapta, otimiza e refina muito bem. Mas criar do zero? N?o, né. Ainda é um território onde a alma humana reina. O pensamento, ou uma ideia, nasce de vivências, de erros, de referências, muitas vezes afetivas e que, curiosamente, est?o no passado.
Portanto, quando pensarmos no futuro da comunica??o como um todo, talvez a resposta n?o esteja no próximo app, no prompt mais sofisticado ou na tendência que a China ainda vai lan?ar. Talvez esteja no que nos trouxe até aqui: no bolinho de fubá da avó e na capacidade humana de viver e contar histórias que tocam, provocam e conectam.
Ricardo Dolla, CCO da Dentsu Creative Brasil
Artigo publicado no Clube de Cria??o no dia 29/8/2025
